Arte que se inspira
na floresta
Arte que
se inspira
na floresta
O programa Formas da Natureza tem a premissa de consolidar o uso sustentável dos recursos naturais, madeireiros e não-madeireiros, para a confecção de peças artesanais nos grupos de artesãos selecionados.
Com apoio do parceiro BVRio, o programa realizou duas oficinas de design nas aldeias Cassiana e Coroa Vermelha com a presença do designer Leonardo Lattavo. Nelas foram desenvolvidos, dentre outros desenhos de peças artesanais, grafismos Pataxó que poderão ser utilizados pelos produtores indígenas para identificar a origem de seus produtos.
O programa Formas da Natureza tem a premissa de consolidar o uso sustentável dos recursos naturais, madeireiros e não-madeireiros, para a confecção de peças artesanais nos grupos de artesãos selecionados.
Com apoio do parceiro BVRio, o programa realizou duas oficinas de design nas aldeias Cassiana e Coroa Vermelha com a presença do designer Leonardo Lattavo. Nelas foram desenvolvidos, dentre outros desenhos de peças artesanais, grafismos Pataxó que poderão ser utilizados pelos produtores indígenas para identificar a origem de seus produtos.
O que nos motivou a desenvolver e implementar o programa?
Infelizmente, ano após ano, os monitoramentos via satélite nos colocam dentre os estados que mais desmatam o bioma. As principais pressões para o desmatamento são expansão agropecuária, construção civil, movelaria, expansão urbana e produção de pequenos objetos de madeira para uso doméstico.
Desmatamento no extremo sul da Bahia ao longo do tempo.
Fonte: MENDONÇA, J. R.; CARVALHO, A. M.; MATOS, L. A. S. 45 Anos de desmatamento no Sul da Bahia. Projeto Mata Atlântica do Nordeste. Ceplac, Ilheus-Bahia, 1994.
Atualmente são beneficiados diretamente pelo programa:
222
51
88
134
150
Famílias
Cenário Atual
5 mil árvores nativas derrubadas todos os anos nas florestas da região para a produção de artefatos de madeira.
A maior parte delas é explorada ilegalmente, dentro dos parques nacionais Monte Pascoal e Descobrimento
Esta atividade ainda é responsável pela perpetuação de condições de exploração e subemprego, mantendo a grande maioria dos artesãos presos às condições impostas por atravessadores.
Quando iniciamos o Programa em 2009, nós sabíamos que um dos grandes desafios pela frente era apresentar aos produtores madeiras legalizadas na região e convencê-los de que essas madeiras poderiam substituir as madeiras nativas para a fabricação de artesanato. Somos muito gratos a todas as pessoas e instituições que contribuíram ao longo dos anos para alcançar os atuais resultados.
Consumo de madeiras nativas e eucalipto para fabricação de artesanatos
Consumo estimado de madeiras nativas
Consumo estimado de eucalipto
Valor e Impacto
O programa Formas da Natureza nasce em 2009 com a missão de incorporar, no dia-a-dia de artesãos e marceneiros do extremo sul da Bahia, a madeira de eucalipto para a confecção de pequenos e médios objetos.
Como chegar lá?
- 15 hectares/ano de espécies florestais plantados para produção de madeira nos próximos 10 anos.
- Inclusão de 170 artesãos indígenas na transição da madeira nativa para madeiras plantadas.
- Investimento na melhoria da produção buscando agregar valor. Associar o produto à cultura indígena por meio do Selo Pataxó.
- Investimento em modelos culturalmente adequados ao saber indígena e em mercados que valorizem seus produtos.
Com o programa Formas da Natureza, pretende-se chegar a:
+ 170
produtores indígenas envolvidos no programa. Aprox. 4% da população indígena residente nas TIs Barra Velha e Águas Belas
+ 1.4 mi
de renda/ano legalizada
+ 150
hectares de plantios florestais
para corte implantados nos próximos 10 anos
Melhores condições de vida
dos produtores indígenas e suas famílias
Artesãos
Estudou na escola da aldeia até a 5ª série e concluiu o ensino médio na aldeia Barra Velha. Graduou-se pela UFMG, fez pós na faculdade Faveni em gestão escolar e atualmente faz mestrado na UFMG. Naktã, além de artesã, trabalha como professora na escola da aldeia.
Naktã foi influenciada pela mãe na arte de fabricar artesanatos e os vendia junto com os irmãos na praia.
“O artesanato é uma boa fonte de renda e gostei muito de aprender as técnicas novas e trabalhar com piaçava, mas ainda temos várias questões por resolver como o acesso às fibras, a comercialização das peças, a embalagem e o frete.”
“O projeto me permitiu dar o primeiro passo para sair da madeira nativa. A maior vantagem é que estou vendo que é possível ter renda a partir da madeira reflorestada.“
Começou de pequena trabalhando com a mãe o artesanato indígena como chocalhos e lanças de pati, além de tangas com taboa do brejo. Atualmente as tangas são confeccionadas com fibras de biriba.
“Trabalhar com as fibras de piaçava e de bananeira é muito legal, pois são artesanatos diferentes que eu não sabia fazer. Hoje, sempre tenho uma encomenda e tem melhorado minha renda, pois apenas com o salário de professora não dá.”
Akuã é uma liderança da sua aldeia e hoje ocupa a presidência da Associação de Mulheres de Boca da Mata. Aprendeu com a mãe, Gevani, a arte de trabalhar o artesanato de sementes e penas.
“Sempre lembro com alegria o tempo que passamos junto às professoras, aprendendo novas técnicas e materiais. Era muito bom compartir com o grupo o trabalho coletivo. Infelizmente, depois que os cursos concluíram, cada um foi pro seu lado. Ainda temos dificuldades de trabalhar em conjunto e pensar como podemos melhorar nossas vendas de forma coletiva.”
Junior participou ativamente dos cursos de artesanato com fibras de piaçava e de bananeira e hoje está estruturando o grupo do projeto que irá retirar e preparar para comercialização, para si e para outros artesãos, as fibras de piaçava e de bananeira.
“O artesanato de fibras naturais é uma boa alternativa de renda sem agredir a natureza. As capacitações têm nos ajudado a mudar de vida. Vamos retomar o manejo da piaçava e incluir o manejo integral da bananeira, que antes do curso somente servia para retirar o cacho de banana e hoje aprendemos a preparar mais de 5 tipos diferentes de fibras com o tronco.”
O grupo de Monte Pascoal foi um dos primeiros a abandonar a madeira nativa para produção do artesanato, junto com o grupo de São João do Monte, ambos do município de Itabela. Atualmente, aproximadamente 60 artesãos torneiros trabalham com madeira de acácia para produzir suas peças.
“Hoje estou consciente do impacto do meu trabalho no desmatamento. Trabalhando com acácias, trabalho mais tranquilo e minha renda aumentou.”
O grupo de artesãos Formas da Natureza do distrito de São João do Monte, município de Itabela, foi um dos primeiros a abandonar o uso de madeiras nativas para produzir suas peças e adotar madeiras plantadas, tais como o eucalipto e acácia.
Atualmente, o grupo é formado por mais de 50 artesãos que trabalham em 17 oficinas de produção. De lá saem mensalmente para todos os cantos do país mais de 120 mil colheres de madeira de diversos tamanhos.
“A concorrência desleal da madeira nativa ilegal está destruindo o negócio sustentável. Fica muito difícil concorrer com peças produzidas com madeira ilegal.“